O Professor dos Professores


O Professor Dr Armando Simões dos Santos, fundador da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, foi designado pela Ordem dos Médicos como "o pai da medicina dentária portuguesa". Dirigiu a Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa entre 1991 e 2002.
Nascido a 30 de Janeiro de 1932 em Cacia, Aveiro, Armando Simões dos Santos licenciou-se em Medicina na Universidade de Coimbra, em 1959, e especializou-se em Estomatologia, tendo-se empenhado de tal modo que "durante mais de dois anos consecutivos trabalhava, comia e dormia no Hospital de Santa Maria", referiu uma nota biográfica enviada pela reitoria da Faculdade de Medicina Dentária.
A EMDL é uma das principais instituições de ensino da odontologia em Portugal e tem contribuído significativamente para o desenvolvimento e aprimoramento da odontologia no país. O Professor Simões dos Santos teve um papel fundamental na sua criação e desenvolvimento. Uma figura proeminente na área da estomatologia em Portugal. Ele foi um renomado especialista em estomatologia e teve uma longa carreira dedicada ao estudo, pesquisa e prática clínica nesse campo. Simões dos Santos contribuiu significativamente para o avanço da odontologia e da estomatologia em Portugal, tanto através de sua atuação clínica quanto como educador e pesquisador. Foi homenageado com a comenda da Ordem de Cristo pelo Presidente da República de Portugal, na época Jorge Sampaio. Essa homenagem é um reconhecimento significativo pelo seu trabalho e contribuições notáveis, especialmente no campo do direito. A Ordem de Cristo é uma das mais altas condecorações em Portugal e é concedida a indivíduos que se destacam em diversos campos de atividade e que tenham contribuído para o bem da nação. Sentindo necessidade de actualizar a sua formação, o que fê-lo em Espanha, França, Dinamarca e Suécia, tendo ingressado depois no Hospital de Santa Maria, onde fez carreira hospitalar, atingindo o grau de Médico Graduado e, posteriormente, Chefe de Clínica. 
Pois eu tive a felicidade de ser seu aluno na disciplina de Oclusão, quando fiz o meu curso na Escola de Prótese Dentária da FMDL, e o que aqui venho partilhar da convivência que tive com ele é o momento mais triste e que tive na sua companhia, pois todos os outros foram da maior das felicidades
O jantar de fim de curso é um evento normal que se organiza quando uma turma finaliza o seu curso. No final desse jantar, deu-se um lugar vago ao seu lado, que parecia mesmo estar reservado para mim. Aproximei-me dele, pedi-lhe licença e sentei-me a seu lado, aproveitei para tomar o café na sua companhia, e disse-lhe sorrateiramente: 

- Sr Professor queria pedir-lhe um favor.

- Sim, o que pretendes?

- Queria pedir-lhe se podia ajudar... lá na faculdade... só queria restaurar os dentes daquele crânio que levei uma vez para as suas aulas, lembra-se?

- Sim, e para que queres tu fazer isso?

- Sr Professor, é uma homenagem aos Profissionais que dignificam a Arte Dentária.

- Mas isso não existe! (Diz ele comovendo-se e começando desde logo a chorar).

Foi então que logo apareceu o João Carlos Roque, o monitor do curso, que estava próximo e muito atento à conversa, e que logo me convidou a parar com a conversa porque estava a fazer mal ao Sr. Professor, possivelmente acabara de tocar na ferida. 

Enfim, é a cruz que carrego e que coloca neste exemplar uma energia incontestável, como o leitor se irá aperceber à medida que me for acompanhando neste Blog.

Resposta aos currículos

Estavamos em 1986, na altura eu tinha na minha pequena empresa 16 clientes e dava emprego a 3 funcionários. Nesse ano, Portugal tivera aderido à CEE, hoje União Europeia (UE), e logo surgiram apoios comunitários que se destinavam a apoiar a economia. Depois de ter gasto centenas de contos na elaboração desse projecto, apresentei a minha candidatura e logo veio a resposta:

- Seu projecto foi aprovado mas tem que pedir mais dinheiro. 

- Mas eu não preciso, só quero dinheiro para alugar umas instalações maiores, para ter espaço para criar mais emprego e comprar alguma da tecnologia necessária. 

- Mas tem que pedir mais dinheiro, e tem que fornecer todos os meses os balancetes e a disquete com a facturação ao Banco de Portugal.

Muito bem! Eu fiz isso mas a ideia de ter que pedir mais dinheiro ficou-me atravessada, não compreendi muito bem na altura, mas vim a compreender mais tarde, pois percebi que seria para besuntar alguns intermediários. 

Ao fim de alguns meses questionei o responsável pela candidatura do projecto o que me foi respondido:

- O Banco de Portugal disse que o seu projecto é muito rentável e por essa razão eu teria que me mandar sozinho, não o iria ser apoiado. Também me disse que por ser rentável iriam financiar as Faculdades Privadas. Muito bem, então saí fora. Perdi todo o interesse em procurar novos clientes e novos trabalhadores. Nada mais me interessou além de apenas me querer especializar ainda mais na minha actividade. 

https://www.youtube.com/watch?v=VfHbzXXjkCc


Passaram-se alguns anos, o tempo de terminarem as primeiras licenciaturas dessas faculdades privadas e comecei a receber na minha caixa de correio quase diariamente várias dezenas de currículos de jovens que se acabaram de licenciar nessas faculdades privadas, outrora financiadas com os fundos comunitários que as minhas informações contabilistas facilitaram. Também recebi cartas e telefonemas de directores das mesmas a solicitar que colocasse estagiários na minha empresa, mas aí a minha resposta foi sempre o não, o não porque achei que depois de me terem comido a carne me estavam a querer comer os ossos. 

Actualmente já estou reformado, apenas entretido a fazer alguns trabalhos, e nada faço para encontrar novos clientes dentistas, mas se me procurarem terei o maior gosto em os ajudar com os meus serviços. 

Aprendi que a esta classe não se pode pedir nada, e só a alguns é que se pode oferecer, e mesmo assim às vezes é um problema para receber os serviços prestados. Pagam mal, não valorizam trabalho com qualidade, mas cobram-se bem dos mesmos. Essa é uma das principais razões que me desmotiva, pois não me dão qualquer margem para ter bons profissionais, porque bons profissionais também querem receber bons salários. 

Outra coisa, se não a mais importante, que desmotiva a criação de emprego é o facto de abrirem laboratórios nas suas clinicas e depois aliciam os meus empregados a deixarem de trabalhar comigo. Então se eu especializo técnicos a fazerem bons serviços, os valores invertem-se, eu não teria que pagar ordenados mas sim receber por ter estagiários, pois seriam eles um dia os meus maiores concorrentes. 

Este artigo é uma resposta aos candidatos que ainda hoje me continuam a enviar currículos.