FRUTO PROIBIDO

Este artigo é dedicado ao dentista que fez o maior elogio de sempre ao meu trabalho, o que prova que nesta profissão a perfeição é inimiga do negócio. 
Nessa época eu ainda não tinha atingido os padrões de qualidade que atingi hoje e que sempre  continuo a aperfeiçoar.
Foi em Fevereiro de 1998, quando me dirigi ao seu consultório para saber a razão pela qual ele interrompera a continuidade de ser meu cliente como o tivera feito até à data de Outubro de 1997. 
Achei estranho, porque os meus trabalhos sempre costumam multiplicar os pacientes de todos os meus clientes dentistas. 
Eu tinha acabado de entrar em 1997 na Escola de Prótese Dentária da Faculdade de Medicina-Dentária de Lisboa, e, estavam a fazer-me falta as suas encomendas para poder custear a minha licenciatura para mais em Lisboa. 

Visitei-o e inicialmente não estava a querer receber-me, mas eu tanto insisti por uma explicação que acabou por me receber.

Eu: -Bom dia Sr Dr, como tem passado? Deixou de me solicitar meus trabalhos? Está descontente com os meus serviços? Não quer mais ser meu cliente?

Ele: -Não, tu és muito bom a fazeres o que fazes!

Eu: -Então se está contente com o meu trabalho, porque não mo continua a solicitar?

Ele: -Tu és mesmo muito bom... Neste país não te safas! Porque não vais para os States? Lá sim, terias futuro. Vai para a América... vai para Hollywood...

Eu: -Não estou a perceber! Então está a dizer-me bem dos meus serviços e por outro lado não os quer mais. estranho, isso é uma contradição! 

Ele: -Sabes, isto é um negócio e eu vivo disto। Os meus pacientes são na maioria beneficiários da ADSE, e como tu sabes a ADSE paga-lhes novas próteses de três em três anos. Pois eu já tentei substitui-las mas não consigo, preferem usar sempre as tuas...

Eu: - Percebi! Obrigado pela informação. Boa tarde e felicidades.

Conclusão, parece que o que está certo é fazer o que é mau, pois desta forma há sempre que fazer. Concorda?